Nesta semana, compartilhei no Facebook uma reportagem da TV Record sobre uma menina brasileira que está em tratamento da dermatite atópica e que teve a oportunidade de viajar para França, onde participa de um estudo que utiliza águas termais. Como recebi muitas mensagens com questionamentos, achei que seria importante falar um pouquinho mais sobre o tema.

As águas termais citadas na reportagem são semelhantes às que temos aqui no Brasil em estações de águas, como em Águas de Lindóia, Poços de Caldas, São Loureço, entre outras estâncias termais. São águas que apresentam várias propriedades, com minerais, substâncias antioxidantes e anti-inflamatórias, que ajudam no tratamento da dermatite atópica como terapia complementar. Elas contribuem na melhora do processo inflamatório, assim como na hidratação da pele e para refrescar no calor. Também apresentam benefícios em outras doenças de pele, como rosácea, acne, lesões inflamatórias e psoríase.

Outro fator importante, que colabora na melhora do quadro dos pacientes, é que geralmente essas estâncias de águas termais estão localizadas em cidades mais tranquilas, com muito verde, onde o paciente tem mais condições de relaxar e sair das condições de estresse do dia a dia. Ou seja, na verdade é todo um conjunto de condições que favorecem a melhora das lesões de pele.

Antigamente, chamávamos esses locais de balneário. Pessoas com tempo disponível e condições financeiras ficavam de 15 dias a um mês nesses locais, onde recebiam vários banhos, massagens e cuidados complementares.

Aliás, a palavra “complementar” é muito importante quando o assunto são as águas termais. Pois esse é um tratamento considerado coadjuvante, ou seja, complementa o tratamento convencional que o paciente realiza com seu médico especialista.

Aqui no Brasil, além das estâncias, também existem águas termais envasadas para aplicação com spray. São várias marcas internacionais e uma marca brasileira disponível, todas de qualidade semelhante. As pessoas podem adquirir esses produtos em farmácias e aplicar sobre as áreas lesionadas para acalmar e refrescar. Alguns também utilizam esses produtos para higienização da pele ou como demaquilantes.

É preciso reforçar que não há contraindicação para o uso das águas termais. No entanto, elas não substituem os tratamentos convencionais das doenças de pele.

* Dra. Cristina Laczynski, professora da disciplina de Dermatologia da Faculdade de Medicina do ABC e preceptora de ensino nas áreas de Dermatopediatria e Criocirurgia.